domingo, 23 de dezembro de 2012
Ela saiu de casa às pressas. O despertador tocou às 6h15min, mas ela já estava acordada e com uma ansiedade que tentava engolir mas ficava entravancada na garganta. Lá fora o sol brilhava, mas ela era toda nuvem e tempestade. O cheiro do café já era o suficiente para se sentir alimentada. O caderninho de notas estava todo rabiscado e já não cabia mais nenhum compromisso... afinal já era fim de ano e todos seus projetos e deveres estavam rasurados naquele bloco de papel. Ela já não tinha tempo de mudar mais nada, apenas aceitar as escolhas que fez, sem fazer muitos rodeios, pois aprendera que fazer rodeios não iria levá-la a lugar algum. Mas não adiantava: o café ela não queria tomar, o caderninho de notas ela continuava a segurar e suas mãos apreensivas amassavam algumas folhas de papel. A angústia e ansiedade não lhe desciam pela garganta. Ela preferiu as escadas ao elevador. Seus passos eram largos, do tamanho de seu desejo de abarcar o mundo e de viver todas as histórias possíveis. Mas ela sabia que quando tivesse descido o último degrau estaria cansada e não teria vivido todas as histórias do mundo... Lá fora o dia estava lindo, o calor insuportável, o sol sorrindo e as pessoas caminhavam tranquilamente pelas calçadas. Ela colecionava o resto de sombras. O coração estava sorrindo e confusamente leve. Tudo o que ela queria era caminhar por ai, sem rumo, sem pensar em nada, ou pelo menos sem pensar em muita coisa já que pensar em nada é impossível. Os rostos de desconhecidos lhe chamavam a atenção. Ela queria saber quem era o dono, qual o nome tinham... quais histórias teriam já vivido e que expectativas tinham para os dias seguintes... Ela se perdia entre olhares e passos alheios, se misturava no meio da multidão, enquanto perdia a si própria. Já não tinha nome, seus rastros se apagavam aos poucos e sua história tinha se juntado à história de cada uma daquelas pessoas que tinham cruzado seu caminho. ...
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