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Blog do Amilcar

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

A Puta



- Então, disse ela, quando começaremos a sessão?

Ele, nervoso por estar naquele recinto balbucia algumas palavras tímido dando a entender que ela era quem decidiria. Ele acorda às 5 horas da manha para cumprir mais uma rotina diária, o sol ainda não havia despertado, o galo não havia cantado, a casa estava em total silêncio, apenas o tic tac do relógio na parede. Prepara seu café às pressas, forte e amargo, e desce os três andares do prédio atropelando os degraus com medo de chegar atrasado. Ele, mais um cidadão anônimo do mundo acorda desestimulado, olha para o rosto da mulher que ainda dorme e percebe que a beleza que o fizera apaixonar-se por ela não existe mais em seu rosto. Tudo o que ele vê é um rosto cansado amassado sobre um travesseiro e uma leve baba escorrendo pelo seu rosto e molhando o lençol da cama. Ele, por segundos, sente ojeriza por aquela mulher, e imediatamente vira-se de costas para vestir o terno. Passa o dia tomando goles de café e distraindo-se amassando os copinhos de plástico depois da gota final. Olha ao redor e vê seus companheiros trabalhando e ele fala sozinho, em silêncio. O café é o modo que encontra para que seu tempo gasto ali seja menos árduo. Ele é viciado por cafeína.


Ela o fita constantemente e é possuidora de um olhar extremamente forte e desafiador, o que o apavora. Ele se perde em seus pensamentos e sente o corpo pulsando de desejo e pavor. Seus olhos fitam a calcinha vermelha em formato de coração da jovem, o pensamento percorre o interior de sua casa onde estão mulher e filhos nos seus afazeres cotidianos. Pouco a pouco a angustia que lhe percorre a veia presente nos momentos de trabalho no escritório vão dando lugar a um pulsar erótico que começa em seu membro sexual e toma conta de todo o corpo. Ela, enquanto toca seu corpo magro, espera que ele ceda à tentação.


A esposa dele é uma mulher qualquer, cidadã anônima. Seu rosto imprime os anos secos passados ao lado do marido e o cansaço por uma vida que se repete todos os dias. A outra, a puta, ah, esta é uma delicia de se descrever. Seus poucos anos de vida e pouco tempo de profissão lhe concedem uma vitalidade e um alegria contagiante. Puta desde os dezesseis anos de idade, foge de casa, interior da vida, para se arriscar em uma metrópole grande qualquer do mapa. Seu corpo magro e esbelto, seus lábios carnudos na medida certa, seus cabelos curtos cortados de modo desconectado, seus olhos de Lolita e seu cheiro de material novo, ainda pouco gasto leva qualquer homem ao delírio. Ele, que após se casar nunca havia traído a mulher decide deliciar-se pela primeira vez no sabor extraconjugal.


(Ela) - Você vai ficar ai, me olhando?
(Ele) - Eu gosto de olhar, assim aumenta o meu desejo.
(Ela) - Então eu me deito deliciosamente na cama, meus olhos não se separam dos seus,meu corpo arde por dentro e você é o primeiro que me faz sentir isto.
(Ele, começando a tirar a roupa)- Por quê?
(Ela)- Porque você me olha, os outros não tem tempo a perder
(Ele)- Desculpe se estou fazendo tudo errado (nervoso e com a cabeça baixa), é a minha primeira vez!
(Ela ri deliciosamente)- Ei, meu bebê. Eu te ensino, Venha! Não pare de olhar para mim. Venha! Assim, com este olhar de menino medroso, venha e se deleite.
Ele caminha vagarosamente olhando para ela, se despe no meio do caminho e encontra a cama macia, quente.
(Ele)- PUTA!
(Ela ri deliciosamente)
Ele começa a beijar o corpo nu dela explorando todos os ângulos, formas e cheiros.
O corpo dele esta nu também.
A língua dele sente a pele dela
Os seios dela estão cobertos pelas mãos dele
As pernas dela estão entrelaçadas às dele
Os primeiros sons do sexo se iniciam
Ele está molhado
Ela está molhada
As pernas dela se abrem lentamente
Ele percorre todo o corpo dela com as mãos
Chega a uma zona quente que pulsa
Ela geme
Ele gosta
(Ele) – PUTA!
(Ela ri)
Ele provoca sensações com suas mãos na zona quente dela
Ela geme
Ele ri
Ela ri
Ele geme
Ela abre um pouco mais as suas pernas
A língua dele toca algo quente e se perde ali
Ele entra nela com violência
(Ele) – PUTA!
(Ela geme)
Ele a devora
Não. Na verdade, ela que o devora
Eles suam
Eles gemem
Ele sai
Ele goza
Ele entra e se esquenta
Ela geme mais alto
Ela gooooooooza
Ele fica e fica e fica ali dentro
Ele quer sair
Ela não deixa
Ele não agüenta mais
Ela quer mais
Ele cansa
Ela o conduz
Ela goza novamente
Ele dorme
Ela ri
Ele acorda
Ela dorme
Ele deixa o dinheiro em sua escrivaninha e bate a porta

Ele abre as portas de casa e sorri, se sente um homem revigorado. Ele abraça seus filhos, ele abraça sua mulher. À noite eles transam. Ele goza. Ela não. Ele dorme. Ela lê. No dia seguinte ele acorda cantando, toma um banho, arruma seu café forte e doce e está pronto para mais um dia de trabalho. Ela passa a noite acordada. Liga para o escritório, ele diz que vai chegar mais tarde porque vai preparar-lhe uma surpresa. Ela aproveita que o marido vai chegar tarde em casa e se prepara para sair. Escolhe a sua melhor roupa e se sente pronta. Os meninos estão na escola, não há problema. Ela sai, pega o carro e corre.

Ela chega
Estaciona
Sobe os degraus velhos do local
Ela abre a porta
(Ela)- oi!
(A puta)- Achei que não viria mais!
(Ela)- meu marido esteve aqui?
(A puta)- Ontem!
(Ela)- Ontem transamos
(A puta)- E ai?
(Ela)- Ele gozou
(A puta)- E você?
(Ela)- Eu não!
(A puta)- Venha aqui!
Ela se aproxima vagarosamente
Uma musica suave entre as duas se inicia
Elas se despem
A língua dela percorre o corpo da puta
A puta geme
Ela ri
A puta coloca suas mãos na zona quente dela
Ela geme
A puta ri
Elas riem
Ela está com suas pernas entrelaçadas às pernas da puta
A janela esta aberta e esfria o quarto
Lá fora o movimento dos carros e dos bares
Elas se encaixam
Elas suam
Elas se molham
Elas dormem
Ela acorde
A puta continua dormindo
Ela deixa o dinheiro na escrivaninha ao lado e sai

Ela chega em casa, seu marido havia chegado e estranhara a ausência da esposa. Ela abraça os filhos calorosamente como há muito não havia abraçado. Ele a olha com estranheza. Ela sorri para ele. Ele segura o braço dela e a conduz ao quarto.
Ele lhe mostra um embrulho vermelho em cima da cama
Ela o fita curiosa
Ele lhe diz para ir abrir
Uma roupa intima vermelha
Ela sorri admirada
Ele a olha com desejo
Dentro da calcinha um papel embrulhado
Ela o olha com curiosidade
Ele diz a ela para abrir
Ela lê: FODA-ME!
Eles riem!

Roberta Torres
2 de janeiro de 2009
Feliz Ano Novo!