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Blog do Amilcar

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

proseando

Estou em processo. Processo de compor uma cena, processo de conhecer a mim mesma, processo de crescimento, e dando voltas em semicírculos. Algumas coisas acho que já poderia ter superado, mas... Período de descanso, carnaval. Para mim foi período de trabalho e dor de dente. Consumi E o Vento Levou duas vezes durante estes quatro dias e estou sentindo uma nostalgia grande, como se quisesse perfurar a barreira do tempo e cair em terras frescas e verdes do final da década de 30 só para deliciar-me no universo daquelas pessoas, atores, ATRIZES. Sempre nutri grande admiração por grandes atrizes, e acho que elas merecem meu mais precioso respeito. Melancólica! Será que sou uma pessoa melancólica?! Melancolia é uma fonte de humanização e todo ou quase todo ser humano passa por ela, pelo menos deveria. Algo que nos excede. Se assim o for eu sou uma pessoa melancólica porque tenho fome do mundo, sinto saudades de épocas em que não vivi, pessoas que não conheci e lugares que nunca estive. Como se quisesse agarrar o mundo ao longo de toda sua história já traçada até os dias de hoje, abraçar tudo o que posso e que gostaria de ter contato para me preencher, o vazio... Melancolia é isto?! Não sei. Mas esta sensação é algo que me excede, porque não cabe em mim. Continuo na pesquisa sobre o tema.
Agora, exatamente agora, as zero hora e quarenta e um minutos do dia 26 de fevereiro de 2009, na verdade o tempo cronológico não importa, o que importa é o agora, isto, agora e agora, exatamente agora, momento atual e presente, vivo, presente em mim mesma, eu estou sentindo uma doce vontade de ser boa com o mundo, praticar a gentileza, ser nobre, em uma louca paixão pela condição humana e imersa em uma angustia desconhecida. Isto vai e volta! Pêndulo.
Ha momentos mundanos, profanos, e momentos como estes, tão singelo! Não me suporto em mim mesma.
Estou lendo A paixão segundo GH de Clarice e convido-me a encontrar com a minha "barata dentro de um velho armário de despensa". Quero sentir profundo amor pela condição humana, para daqui alguns minutos voltar a sentir ódio e desgosto por muitas coisas e ser indiferente!
Preciso me encontrar me perdendo em semicírculos, dar curvas ao meu redor e me perder constantemente pois acreditarei que sempre que me perco estarei me reencontrando, na verdade! A paixão é um vicio humano, assim como o cigarro, o café, o chocolate e o sexo! Ela está presente aqui, quando escrevo estas palavras e sinto o gosto prazeiro de tocar o teclado, agora não mais de uma velha máquina de escrever, mas um teclado macio do meu computador, produzindo pequenos barulhinhos irritantes em meio a um silêncio ou quase silêncio noturno.
Gostaria de acordar amanha e preparar a mesa do café, dar bom dia ao cachorro e levá-lo para um belo passeio matutino, preparar o almoço e lavar toda a louça...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

preto & branco

Disse ela:
- Quero uma mulher em preto & branco!
No sofá daquele recinto escuro, quente e esfumaçado alguns amigos conversam sobre desejos e fazem algumas reflexões. O que é a beleza? O que dita o belo?
Disse um:
- Beleza está nos olhos de quem vê!
Disse outro:
- Está certo. Mas não há como negar quando alguém é belo, é unanimidade!
Disse ela:
- Quando alguém é belo é belo. Mas o grau de beleza de alguém
está na subjetividade dos olhos de quem a enxerga!
Então as vozes começaram a se misturar juntamente com a música do local.
Disse ela:
- Quero amar uma mulher em preto & branco!
O local estava quente e todos um pouco cansados. Alguns dormiam e outros tagarelavam.
Mais uma noite termina assim, nas ruas urbanas e fétidas da cidade, um espaço vazio de carros e com uma tranqüilidade noturna. A noite termina com algumas conversas e muitas reticências. Por que o caos pertence àquelas pessoas, nada é definitivo ou estabelecido.

Disse um:

O que mais lhe interessa em um homem?

Disse ela:

- Pra mim, do ponto de vista físico, são os olhos e o sorriso. Mas há algo bem além desta máscara, algo que a principio não lhe é palpável. E você não sabe como isto tudo começa. Para uns podem partir do físico, para outros de algo mais interno, mas as coisas se misturam e tudo forma um uno, uma única forma, completa!

Disse ele:

- você é inexpressiva! Mas não, claro, não no sentido que não tenha expressão, mas é que quando você age ficam as reticências em seu olhar, não se sabe ao certo o que é!

Disse ela:

- Não faço por querer. Nem mesmo havia me tocado. Sou eu! Talvez! É sua percepção em terceira pessoa quem diz, então eu fico feliz!

Todos riem!

Os dois começam a conversar enquanto elas dormem. Eles discutem o que é amor.

Um diz:

- Amor não existe neste estágio em que nos encontramos na Terra. O que existe é imperfeição e estamos aqui para evoluirmos!

O outro:

- Não consigo visualizar esta sua perspectiva! Mas acredito que amor existe sim, cada um chama de amor algo que sente e que inevitavelmente será diferente para cada um!

Ela diz:

- Amor é apenas uma palavra que existe, que foi inventada por alguém ou por uma consciência coletiva para designar algo que sentimos e não conseguimos explicar. Mas cada um sente de uma forma e então o amor tem várias faces!

Disse um:

- O amor não é igual para cada um é isto que o torna interessante de ser discutido. Agora quando você vem e me diz que não existe o amor?! Eu não concordo.

Disse o outro:

- Não é que não exista o amor, mas ele em sua forma sublime e perfeita ainda esta longe dos corações humanos.

Disse um:

- Quando duas pessoas sentam para conversar sobre o amor é interessante o que cada uma tem a dizer sobre ele, pois a perspectiva de cada um, por mais que tenha pontos em comum, será diferente!

Elas dormem.

As reticências ficam!

Uma disse :

- Não me importaria morrer hoje, mas a morte deve doer, muito!

Disse a outra:

- Eu gosto da idéia de morrer! Tanto a idéia da finitude quanto a da infinitude me assustam. Por isto que creio em algo maior que nós seres humanos, creio em algo mágico e no meio disto tudo somos tão pequeninhos! Eu entrego meu corpo à morte e deixo a minha alma sair suave de dentro dele e voar por ai procurando pessoas para alegrar meu coração! Quando penso na morte eu estou pensando inevitavelmente na vida! Gostaria de encontrar pessoas que nunca vi pessoalmente e outras que conheci em vida e continuar vivendo! E só! Não quero um céu de estrelas e anjos ao meu redor, quero o gosto do imperfeito, quero as reticências... Talvez ainda precise voltar muito aqui para acostumar com outra idéia!

Todos conversam e ela se cala!

A idéia do silencio atormenta e por isto conversamos tanto, usamos tantas palavras, por vezes desnecessárias, mas o sentido do encontro, da vida , enfim, está também nas palavras trocadas entre os seres humanos.

Ela a desejou em alguns momentos por ter se encantado!

Todos querem dormir e se despedem. Aquelas palavras ditas ficaram guardadas naquele momento e talvez sejam esquecidas!

Quando o corpo come, esta ai um momento em que se apaga tudo dentro de mim, e só fica o corpo, o biológico, e o ato de comer!

O corpo também precisa cumprir obrigações diárias e por vezes esquecer que existe algo além dele!