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Blog do Amilcar

domingo, 10 de outubro de 2010

Judith!!!

- Judith! Você colocou na geladeira as duas rodelas frescas de pepino que eu lhe pedi, Judith?!
Já se passaram quantos anos desde que Marlene se mudou para aquele apartamento pequeno, escuro, que ficava no décimo segundo andar do edifício central da cidade? Ela não se lembrava, ela não era capaz de se lembrar. Marlene, desde que perdeu o marido e os gêmeos Vinícius e Samantha em um desastre de carro, não conseguiu mais se libertar do desejo compulsivo de dormir estupidamente as oito e meia da noite todos os dias e acordar com duas rodelas frescas de pepino sobre os olhos toda manhã. As noites para ela eram feitas para o luto e para se lembrar da família que havia se desintegrado, mas as manhãs... ah, as manhãs eram para ela motivo para colocar o vestido mais colorido e sair cantarolando pela cidade a sua sede de viver.
Marlene tinha o hábito de cultivar quatro ou cinco amigos bem seletivos, os quais sempre se juntavam na sua casa para tomar um chá ou um suco ás cinco horas da tarde durante todos os dias da semana. Naquela tarde, Marlene estava estranha pois esquecera-se de fazer a mesa, como que de costume. Os amigos chegaram em sua casa, primeiramente V. apressado e faminto; logo em seguida S. chegou sorrindo com uma languidez no olhar e foi diretamente á mesa. Por último F. e L. chegaram juntos, o casal trocou beijos e abraços com todos ali daquele recinto e estranham o fato de Marlene não os ter recebido á porta. Aquele era um daqueles dias em que Marlene sempre definia como dias pateticamente estranhos e apertados. Marlene estava na cozinha e olhava fixamente para a água em ebulição; ela sentia ela própria em ebulição. L. entrou na cozinha e lhe deu uma - boa tarde senhorita, ao que Marlene respondeu com uma voz estranha.
Os amigos se sentaram á mesa e tomaram o chá, estava chovendo aquele dia e ventava um pouco. Marlene passou o tempo todo reclamando da empregada. - Mas é porque Judith é isto , Judith faz aquilo, ela demora demais... Os amigos se entreolharam. Eles sabiam que Marlene a ocupava todas as noites com deveres sexuais, além de obrigá-la a manter duas rodelas frescas de pepino na geladeira durante o dia para, assim que a patroa cair no sono pesado, poder pousá-las sobre os olhos azuis da patroa, azuis de tanto chorar.
Os amigos não paravam de falar. À cada pequeno gole de chá, eles disparavam cusparadas de palavras sobre a vida, sentimentos adversos, a pós modernidade, ou talvez, a pós pós modernidade e a chuva reconfortante daquela tarde vazia. Escutaram juntos alguns cds, algo como uma mistura de Baden Powell, Balão Mágico e Maria Rita e foram embora, após umas três horas. Marlene se despediu dos amigos e sentou-se no sofá. Silêncio. Mas as palavras dos amigos ainda estavam passeando na mente de Marlene. Já se passaram onze horas desde a hora em que acordara de uma longa noite cansativa de sono e lágrimas e fora preparar os bolinhos e comprar queijos para o chá. Marlene estava cansada. O relógio ainda não havia alcançado as sete horas quando Marlene gritou o nome da empregada. -Judiiiiiiiiiiiiiiiiiiiith! - Você colocou na geladeira as duas rodelas frescas de pepino que eu lhe pedi, Judith?! Judith, desta vez não correu, como era de costume, mas andou a passos lentos, quase rastejados, e respondeu um sim curto e grosso. Marlene lhe disse que estava muito cansada e que por isto iria dormir mais cedo naquele dia. Pedira para Judith tomar banho e colocar a sua melhor lingerie, que naquela noite, elas iriam fazer amor por mais tempo que de costume. Pedira também para que ela lhe colocasse as duas rodelas frescas de pepino apenas quando o relógio batesse as cinco horas da manhã, pois naquele dia ela iria adormecer apenas quando o sol começasse a apontar no céu e que não haveria mais choro. Judith obedeceu. Tomou um banho fervente e demorado, escolheu, dentre as milhares de lingeries que havia ganhado de presente da patroa, aquela que ela mais gostava, e depois de as duas passarem horas na cama em uma performance de um amor estranho e exagerado, Judith ouviu as cinco badaladas do relógio, correu em direção á geladeira e pegou as duas rodelas frescas de pepino. Abriu a porta do quarto da patroa com cuidado para assegurar que seu sono não iria ser desperto, e quando suas mãos quase tocavam os olhos da patroa, Marlene segurou seu pulso com força mordendo-o e bebendo o líquido vermelho claro e ralo que saía dele. Judith caiu sobre o seio de Marlene, como que beijando-o, e o seu sangue escorria pelo corpo da patroa e estocava-se em sua parte genital.

sábado, 7 de agosto de 2010

Coisinhas

Ah, em uma procura incessante de cores, perfumes, tecidos, passarinhos e cheiros... Procurando apalpar o que a vida traz de mais apalpável e também aquelas coisinhas ditas abstratas. Tão contente e tão feliz, mesmo que isto pareça redundância, e mesmo tendo um amor que te espera a milhas e milhas de tua casa.
Lendo e relendo livros e revirando gostos já guardados em algum lugar desta imensa memória pré-este mundo. E a certeza que a delícia da vida está por aí... nas xícaras de café bem tomadas, nos livros que, mesmo que a princípio não bem entendidos, foram bem devorados, no amor que, do mar agitado e incerto se transforma em um lago sereno e cheio de flores e aves, naquelas guloseimas que te fazem engordar, mas sinceramente, não estas nem aí.
Então, á noite, quando dormes sozinha, embrulhada em lençóis e cobertores baratos, uma música canta em teus ouvidos, um vapor sopra uma nuvem de ideias, que agora já nem pertencem a ti somente, mas a todo o mundo.
Os filmes que devoras são agora parte de ti, e fazem parte da tua herança, do teu legado, pois estão registrados em tua corrente sanguínea, assim como os livros, os alimentos de cada dia e cada foco de atenção prestado.
As tuas palavras já não são mais tuas, mas dele e de quem mais quiser.
A dor e a delícia consiste em conhecer-te a ti mesmo a cada dia, e lamentar e sorrir, ao mesmo tempo.
Então a felicidade abre-se na tua frente quando alimentas os passarinhos do teu pequeno jardim e quando levas a tua pequena cadelinha para passear por alguns minutos durante o dia. E percebes que, não precisas muito mais do que isso. O que fazes é aguardá-lo surgir na tua frente novamente para que possas dividir tudo isto, quando possível.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Estrelas... Estrelas em uma noite sem lua, sem poeira, somente o som da mata e do seu e do meu coração.
Poeira, cidade grande, quilos de pó na face e ruídos nos ouvidos. Pessoas querendo te convencer a todo custo a comprar aquilo de que voçê não precisa para viver, ou sobreviver. Buzina de carros e asfalto duro, agressivo, que te joga para baixo.
As músicas alheias tocando nos automóveis, nos coletivos e na individualidade dos fones de ouvido de cada um.
Olho pro céu, o sol está queimando. As pessoas estão caminhando com pressa para os seus compromissos diários e eu aaaaaah bláaa.
Quero ser intensa, trazer as maiores angústias do meu ser, as maiores loucuras e magias, mas o mundo me sufoca em uma superficialidade e pressa sem fim.
Ouço Lili Marlene, uma canção que um amigo me enviou há um tempo atrás, canção de guerra.
Vor der kaserne
Vor dem grofsen tor
Stand eine Laterne
Und steht sie noch davor
So woll' n wir uns da wieder seh'n
Bei der laterne wollen wir steh'n
Wie einst Lili Marlene

Tomo milkshake e como batata frita, desejo todas as roupas daquela loja, olho pro meu armário
bagunçado e quero doar tudo para poder ir embora livre. Eu sou igual a todo mundo.
Te espero em dezembro.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ela só precisa respirar um pouquinho, abrir os olhos e enxergar ao seu redor, pedir paciência ao seu coração ansioso e viver, os últimos momentos que lhe restam...
Está com calafrios, comeu algo estragado, seu estômago reclama.
Bota tudo pra fora.
só quer seguir seu coração.

domingo, 27 de junho de 2010

o que consigo extrair dos meus dedos...

A gente tem que aguentar a si mesmo e seguir chutando os cacos de vidro que aparecem pelo caminho, respirar um pouco e tentar se ver melhor.
Eu já estou sentido uma falta maluca da sua presença no meu dia a dia
Está sendo muito dificil conviver com uma distância fisica imensa
O que se há de fazer?
Eu deveria ser mais maluca
Ou menos passional
E aguardar
te guardar
pra mais tarde.
Ah!
Minha casa interna vai voltar a se bagunçar de novo pois sua ausência me faz sentir incrivelmente ansiosa, nervosa, triste, infeliz, e eu vou voltar a fazer tudo errado de novo?
Preciso sair de casa e me ocupar com algo útil, preciso viver pelo menos um pouquinho, preciso não me sufocar tanto de você e encontrar meu eixo novamente.
Esperar, esperar e esperar.
e ver!
Estou um poço de lágrimas e cacos.
embriagada, ansiosa, inquieta, distraída até a raíz dos cabelos.
Preciso me reorganizar!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Não ha título que sirva para tal proposição

Hoje estou me sentindo menos ansiosa que ontem. Ontem a noite me senti incrivelmente ansiosa e mal. Não consegui dormir direito. A mente fuma um certo número de pensamentos que se repetem e se entrelaçam, e eu só quero um pouquinho de paz. Sair de casa, estar na rua, rever amigos e ouvir seus causos me confortam mais. Os livros estão sendo substituídos por prazeres diversos, desde uma boa xícara de café expresso até matar o desejo de poder andar a cavalo em uma estrada de terra qualquer.
Não quero me perguntar nada, só queria poder viver cada dia sem me preocupar com o que virá depois, mas não adianta. O poço da ansiedade emerge com agressividade tomando conta até da raiz dos meus cabelos. Tudo me afeta. Sensível.
Fiquei pensando como sou um sujeito híbrido, sem muita raiz em qualquer lugar, de passagem, em constante transição, caminhando por vários lugares. A minha ideia é poder criar uma rede de amigos em todo o mundo, ter um canto em cada canto.
Este lugar me sufoca sim, e não há quem diga o contrário, pois não não me pertence mais. Só me resta agora respirar e ter um pouco de paciência.
Quero fazer tudo certo, existe o certo? Pelo menos o que me parece certo.
Sou independente e preciso conquistar isto. Quero achar a minha casa, o meu lugar, que ainda não encontrei.
Estou pensando constantemente em ligar para Giancarlo, um senhor bolognese a quem tenho afeto. Apenas para senti-lo dizer: - Roberta, ti voglio tanto bene! Com aquela voz tremida de sua avançada idade.
Sinto falta de paisagens distantes daqui. Sinto incrivelmente falta da minha Pirifarina e de meus passeios comigo mesma pelas ruas de Bologna. Sinto falta dos gelati, do frio, da neve, de poder ficar andando pelas ruas de madrugada sem culpa e em paz. Eu e eu mesma. Sinto falta da loucura de Nova York, do Central Park, e de pessoas que sempre deixo....
Bebo latas de coca cola para fazer digestão dos meus pensamentos. Escrever é o único momento que me deixa realmente feliz!
Um pouco de paciência é preciso!
Tudo passa!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Imagem fosca

Foi assim que me veio a imagem, fosca, quebradiça, irritante. Ela com a xícara de café na ponta dos dedos, segurando-se no salto alto agulha para não se desequilibrar. O café quente e a xícara trincada. Na boca um batom vermelho mal passado, agressivo, combinando com seu estado de humor do dia. Um sorriso desinteressado, esnobe, de alguém que não quer mais fazer parte daquilo ali, não mais em primeira pessoa. Os seus movimentos são desordenados e não combinam com técnica nenhuma, apenas com a energia com a qual ela acorda a cada dia. Lá fora da janela a poluição irrita seus olhos, muita gente passando, muito barulho se acumulando, muito terceiro mundismo que ela já não dá conta mais. Vomita! Seus ossos se quebram em um movimento staccato, sua voz quer dormir em um canto escuro sem ninguém para incomodar. Seus boletos estão pagos no prazo limite estabelecido. O café está esfriando, aos poucos, e a xícara vai se trincando, pedacinho por pedacinho. Ela sente o cheiro de um lugar muito distante de onde está, diz em grammelot pois as palavras existentes já não dão conta de seu caos interior, então, em grammelot, ela tem a ferramente que precisa para poder gritar. Ela lambe toda a sua boca e com alguns poucos movimentos seu batom desaparece. Ela está de salto, cabelos médios e castanhos, uma roupa elegante qualquer, maquiagem na face, perfume, de sobrancelhas feitas e depilada. Retira todos os vestígios de seu figurino anterior,e procura um novo layout. Ainda está a procura de sua casa pois ainda não possui uma, mas sabe que no momento ainda não a pode ter. A casa dos seus sonhos, o lugar dos seus sonhos.Quer percorrer o mundo. Ela começa a dançar um jazz, sente o gosto do petit gateau na boca, e fuma um black, claro, este não pode faltar. Dança devagarzinho, um som gostoso que se instala. Pede desculpas por não ser o que os outros esperam dela, ou não querer mais o que está vivendo no momento, mas está apenas mudando de ciclo, de rumo. Novo penteado, novos amigos, nova roupagem, novo país, nova casa, novo emprego, novas atividades... Ela quer mudança. Então deixa a xícara se despedaçar todo ao chão, o café espalhar e borrar o canto da sala,dá um leve sorriso como quem diz: completei este ciclo! Agora, me deixe viver o outro!varre a sujeira para fora dali. E sai!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

vendo a cidade grande da janela

Um gole de coca cola bem gelada
um maço caro de cigarro black sabor menta
uma brisa fresca
de preferência, na sombra
sempre!
Uma canção qualquer que não a irrite
Agarrada á janela do quarto
vendo a cidade grande se acabar
olhando o tumulto das pessoas que se esbarram e se vão, apressadamente
para os seus compromissos diários
E ela não quer fazer parte desta maluquice
Aquieta-se em seu canto diário
Não possui diário ou coisa parecida
Apenas as palavras desordenadas,
vomitadas de sua mente
Vê o sol que bate forte lá fora
e está feliz por estar na sombra da sua casa
Olha seu quarto, todo desarrumado
Reflete no espelho
a desordem da sua casa interior
Toma mais um gole de coca gelada
Fuma outra black sabor menta
Respira fundo, está viva!
Está viva?
Ah, como é bom viver!

terça-feira, 20 de abril de 2010

put my liptstick on...

Put my lipstick on for you

If i fall asleep baby call me in my dreams and i will wake up in a hurry
Be so strong and take off all my lipstick with just one kiss
Give me your best energy of love and make me fell like this distance between us is nothing comparing to our desire.
burn me burn me inside of me
all night
make me forget my world, my language and my accents
make me write and speak in grammelot
just the word of love and passion
insane
sanity
drink me
iam your beer
your red wine
your cigarette
make me fell like a bird
like a cat, like a catch me
scracth me.
iam yours
just tonight

...