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Blog do Amilcar

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

preto & branco

Disse ela:
- Quero uma mulher em preto & branco!
No sofá daquele recinto escuro, quente e esfumaçado alguns amigos conversam sobre desejos e fazem algumas reflexões. O que é a beleza? O que dita o belo?
Disse um:
- Beleza está nos olhos de quem vê!
Disse outro:
- Está certo. Mas não há como negar quando alguém é belo, é unanimidade!
Disse ela:
- Quando alguém é belo é belo. Mas o grau de beleza de alguém
está na subjetividade dos olhos de quem a enxerga!
Então as vozes começaram a se misturar juntamente com a música do local.
Disse ela:
- Quero amar uma mulher em preto & branco!
O local estava quente e todos um pouco cansados. Alguns dormiam e outros tagarelavam.
Mais uma noite termina assim, nas ruas urbanas e fétidas da cidade, um espaço vazio de carros e com uma tranqüilidade noturna. A noite termina com algumas conversas e muitas reticências. Por que o caos pertence àquelas pessoas, nada é definitivo ou estabelecido.

Disse um:

O que mais lhe interessa em um homem?

Disse ela:

- Pra mim, do ponto de vista físico, são os olhos e o sorriso. Mas há algo bem além desta máscara, algo que a principio não lhe é palpável. E você não sabe como isto tudo começa. Para uns podem partir do físico, para outros de algo mais interno, mas as coisas se misturam e tudo forma um uno, uma única forma, completa!

Disse ele:

- você é inexpressiva! Mas não, claro, não no sentido que não tenha expressão, mas é que quando você age ficam as reticências em seu olhar, não se sabe ao certo o que é!

Disse ela:

- Não faço por querer. Nem mesmo havia me tocado. Sou eu! Talvez! É sua percepção em terceira pessoa quem diz, então eu fico feliz!

Todos riem!

Os dois começam a conversar enquanto elas dormem. Eles discutem o que é amor.

Um diz:

- Amor não existe neste estágio em que nos encontramos na Terra. O que existe é imperfeição e estamos aqui para evoluirmos!

O outro:

- Não consigo visualizar esta sua perspectiva! Mas acredito que amor existe sim, cada um chama de amor algo que sente e que inevitavelmente será diferente para cada um!

Ela diz:

- Amor é apenas uma palavra que existe, que foi inventada por alguém ou por uma consciência coletiva para designar algo que sentimos e não conseguimos explicar. Mas cada um sente de uma forma e então o amor tem várias faces!

Disse um:

- O amor não é igual para cada um é isto que o torna interessante de ser discutido. Agora quando você vem e me diz que não existe o amor?! Eu não concordo.

Disse o outro:

- Não é que não exista o amor, mas ele em sua forma sublime e perfeita ainda esta longe dos corações humanos.

Disse um:

- Quando duas pessoas sentam para conversar sobre o amor é interessante o que cada uma tem a dizer sobre ele, pois a perspectiva de cada um, por mais que tenha pontos em comum, será diferente!

Elas dormem.

As reticências ficam!

Uma disse :

- Não me importaria morrer hoje, mas a morte deve doer, muito!

Disse a outra:

- Eu gosto da idéia de morrer! Tanto a idéia da finitude quanto a da infinitude me assustam. Por isto que creio em algo maior que nós seres humanos, creio em algo mágico e no meio disto tudo somos tão pequeninhos! Eu entrego meu corpo à morte e deixo a minha alma sair suave de dentro dele e voar por ai procurando pessoas para alegrar meu coração! Quando penso na morte eu estou pensando inevitavelmente na vida! Gostaria de encontrar pessoas que nunca vi pessoalmente e outras que conheci em vida e continuar vivendo! E só! Não quero um céu de estrelas e anjos ao meu redor, quero o gosto do imperfeito, quero as reticências... Talvez ainda precise voltar muito aqui para acostumar com outra idéia!

Todos conversam e ela se cala!

A idéia do silencio atormenta e por isto conversamos tanto, usamos tantas palavras, por vezes desnecessárias, mas o sentido do encontro, da vida , enfim, está também nas palavras trocadas entre os seres humanos.

Ela a desejou em alguns momentos por ter se encantado!

Todos querem dormir e se despedem. Aquelas palavras ditas ficaram guardadas naquele momento e talvez sejam esquecidas!

Quando o corpo come, esta ai um momento em que se apaga tudo dentro de mim, e só fica o corpo, o biológico, e o ato de comer!

O corpo também precisa cumprir obrigações diárias e por vezes esquecer que existe algo além dele!

6 comentários:

Jamil P. disse...

O amor está no ar! rs Amei mais esse seu texto! Não só pela temática, das mais interessantes, apaixonantes, mas também o ritmo da discussão, do diálogo, tão vivo que dá vontade de interferir, tipo, entrar pedindo licença a um e a outro e dizer o que se pensa, fazer observações, etc. Parabéns, um beijo!

Jamil P. disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
aspirante a... Maria disse...

silecio!

Walmir disse...

Cara Srta,
andar, atuar, pensar, comer, beber, sexuar é optativo, mas dormir e descansar é mandatório, é ou não é?
Paz e bom humor, mana blogueira.

Fabiano Rabelo disse...

breve, silencioso, profundo... engraçado, no ano retrasado, eu li alguma coisa que você escreveu pra um certo professor de interpretação que trasbordou pelas nossas vidas e achei que não gostaria das suas prosas. me provou o contrario neste blog... gosto, e é um prazer retornar!

meninamulher disse...

Querida roberta
exitem pessoas, existem almas ambulantes, existem coisas, existem varias coisas-pessoas, tudo sempre em preto e branco, as vezes, em um dado momento raro se torna colorido....aíaí se avida fosse tão facil de definir assim!aí ...
souumhomemdepaixoes.zip.net
to gostando de te ler